Percebi que é muito comum que pessoas, especialmente as mais velhas, só recebam o diagnóstico de neurodivergente na idade adulta.
Eu, apesar de ter nascido no ano de 2002 e ter sido acompanhado por profissionais ao longo de toda a minha vida – Ainda que não de forma ininterrupta – só fui diagnosticado como autista aos vinte anos de idade.
Não consigo avaliar por mim mesmo o quanto isso impactou na minha vida exceto pela dificuldade de socialização e por algumas peculiaridades minhas.
A maioria das dificuldades que enfrentei ao longo da minha fruta foram fruto de limitações financeiras – Mas eu sei que existem pessoas que lidam com outras realidades como familiares que não reconhecem a existência de Transtornos do Neurodesenvolvimento.
Recebi diagnóstico de autismo quanto eu tinha uns 10 anos mais ou menos, mas eu sempre soube que eu era diferente dos outros e isso me preocupava muito quando eu era menor. Eu pensava que eu nunca iria conseguir amigos e que na vida adulta eu não iria conseguir manter um emprego. Felizmente consegui superar tudo isso, apesar de toda a dificuldade.
Também tenho medo de não conseguir me sustentar na idade adulta – As vezes sinto que fiz poucos avanços em relação à alguns anos atrás. Mas já conseguir chegar ao Ensino Superior então vou evitar criar expectativas para o futuro. Que bom que a maioria das coisas deu certo para você.
Já no meu caso, apesar de toda a minha família ser neurodivergente, ninguém sabia e muitos ainda negam ser. Só quando eu estudei sobre o assunto, foi que eu comecei a explicar a eles que eles eram diferentes da maioria das pessoas.
Lógico que a maioria dos meus familiares são TDAH, mas tem uma porcentagem muito alta de autistas. Eu fui o primeiro diagnóstico, tanto do lado materno quando do lado paterno.
Conviver com meus pais, irmãos e sobrinhos era insuportável. Lógico que parte do problema era eu. Depois da medicação para TDAH, as coisas ficaram mais fáceis, inclusive dizer que a socialização com eles é cansativa.
Dito isso, meu objetivo desde a adolescência era sair de casa e me tornar independente. Eu abandonei várias faculdades públicas e passei em concurso público. Meu diagnóstico saiu quando eu tinha 35 anos, mais de dez anos após eu ter passado no concurso.