Eu assisti Blade Runner 2049 (2017)

Este filme me deixou parado por um tempo depois que acabou. O resto da noite eu fiquei pensando sobre a vida - significado, propósito, amor, a natureza difícil e complexa da realidade, etc.

Não houve nenhum engano real. Foi puramente no papel. K/Joe é totalmente, completamente, inequivocamente comum, daí seu nome, Joe, como em “Average Joe”. Joi não possui uma alma. Ela é completamente falsa. Ela é o outro lado da moeda do Replicante e é feita apenas para agradar e mimar seu dono/amante. Todo o seu esquema de marca é que ela será o que você quiser. Joi é o sonho fugaz de K de ser especial - de ser humano, ou como ele mesmo disse, “de ter uma alma” - então ela sempre reforçou isso para ele. Logo antes de Luv destruir seu emanador, ela fez questão em seu momento final de dizer a ele que o amava. Wallace fez uma pergunta sobre se Deckard foi movido pelo amor ou pela programação. Para mim, não há dúvida alguma de que Deckard é completamente humano. O filme original é sobre um homem mau encontrando sua humanidade pela graça de uma máquina. A pergunta de Wallace não é uma pergunta literal “Você é humano ou máquina?” mas sim ponderando qual é a diferença; se o amor é apenas neuroquímica, e se somos produtos de programação biológica ou algo superior, como uma alma. A conclusão é que isso realmente não importa. O que importa é o que escolhemos fazer com nossas vidas. Encontramos e criamos nosso próprio significado e propósito. Em resumo, 2049 trata de sonhos e ilusões. K deseja desesperadamente se sentir especial, então Joi diz isso constantemente a ele e ele rapidamente assume que toda a evidência aponta para ele porque é seu sonho. Ele se torna iludido e se força na situação mesmo quando ela o destrói. Ele pensa que isso é o que significa ser humano - lidar com a própria humanidade. Então, ao encontrar Freysa, K descobre que, na verdade, ele não é especial afinal. Não nasceu, mas foi fabricado. Ele está dividido entre dois lados que lhe dizem qual é e deveria ser sua identidade; o LAPD que informa sua identidade como a de um escravo, e a resistência que informa sua identidade como a de um Replicante livre. Quando K encontra a Joi gigante e rosa na ponte, ela diz a ele “Você parece um bom Joe”. Ele então percebe que nem mesmo o nome que sua Joi lhe deu era especial. Os sentimentos dela por ele nunca foram reais… apenas programação. K, neste ponto, um Replicante emocionalmente quebrado, é neste momento que ele escolhe seguir seu próprio caminho e não deixar ninguém dizer quem ele é ou o que deve fazer. Ele toma a decisão mais humana de todas e assume sua vida em suas próprias mãos. Ele salva Deckard pelo mesmo motivo que Roy fez no primeiro Blade Runner. Ele queria que alguém se lembrasse dele, para que sua decisão final que o validasse completamente como humano não fosse em vão. Ninguém mais lhe deu sua identidade, apenas ele fez, e seu sacrifício garantiu para sempre que ele era, por todos os critérios, um ser humano, mesmo que o mundo acabasse por esquecê-lo.

Blade Runner 2049 foi inspirado no livro "Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick, obra publicada em 1968, de ficção científica e distopia da realidade. O autor possui várias obras que tornaram filmes e séries, por exemplo, a série “O Homem do Castelo Alto” é baseado no livro de Dick.

OBS: É um repost do meu Mastodon mencionando o filmes e séries no Lemmy Brasil.

@filmeseseries

  • Pudão@bolha.us
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    8 days ago

    @fidel @filmeseseries Eu penso bastante também sobre a sociedade americana com esse filme… Há uma certa obsessão em ser ‘especial’, uma ultra valoração do indivíduo, naquela cultura.

  • yuribravos@lemmy.eco.br
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    7 days ago

    Esse foi um filme que eu fiquei na dúvida se havia gostado ou não. Mas como você, fiquei um tempo atordoado e pensando sobre ele. Até que no terceiro dia pensando sobre entendi que era um filmaço só por ter me deixado tanto tempo refletindo.