Ultimamente tem se tornado cada vez mais frequente eu me incomodar com determinadas atitudes que vejo acontecer corriqueiramente no cotidiano.

Percebo que muitas vezes parecem que as pessoas não se preocupam se suas próprias atitudes estão causando desconforto a outras pessoas. Muito pelo contrário, parece que essas pessoas sentem prazer em causar incômodo.

Um exemplo do que estou falando é a cultura de adulterar as motos para que elas façam um barulho muito alto. Pior, muitas vezes essas mesmas pessoas combinam sair com suas motos adulteradas para fazer “rolezinho” no meio da madrugada, passando por bairros residenciais e avenidas fazendo a maior quantidade de barulho que conseguem ou fazendo manobras perigosas, botando todos que estão presentes em risco.

Mas essas atitudes não se limitam aos motoqueiros. Também podem ser vizinhos que põem música para tocar alto o dia inteiro, inclusive entrando madrugada a dentro. Ou então pessoas invadindo seu espaço pessoal na rua te coagindo a aceitar um produto ou folheto. Ou então aquele motorista que não se importa com o pedestre/ciclista, fura sinal e anda pelo acostamento. Enfim, muitas outras atitudes do gênero, afinal o importante é ter o “jeitinho brasileiro” (que é uma forma de dizer que você passou por cima dos direitos dos outros e se deu bem).

A situação que me levou a refletir sobre esse assunto foi hoje, enquanto estava tirando uma soneca após o almoço deitado com meus gatos e fui surpreendido e acordado, sendo invadido por um carro de som com volume muito alto fazendo uma propaganda. Isso me levou a pensar que nem dentro do conforto de minha casa, em um ambiente residencial, tenho paz. Carros de som é um outro exemplo de como invadir a privacidade alheia, desrespeitando o sossego das pessoas, é algo cultural no Brasil, afinal não é apenas permitido, como é uma estratégia de marketing altamente invasiva e amplamente utilizada.

Felizmente sou uma pessoa saudável e esse incômodo não causou nenhum dano para mim, apesar de ter sido invasivo. Mas isso me fez questionar: e os idosos? os bebês? os enfermos? os trabalhadores que trabalham no período noturno? Essas pessoas acabam sendo prejudicadas por conta de um desrespeito? É isso e está tudo bem?

Sinceramente, esse aspecto da cultura brasileira é uma das que mais me incomoda. Normalizamos o desrespeito. Normalizamos se aproveitar dos outros. Definitivamente essa é uma parte da cultura brasileira que eu descartaria sem pestanejar, se me fosse dado esse poder.

  • trebor@lemmy.eco.br
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    1 year ago

    Essa questão do som alto é o que mais me prejudica. Por ter TDAH e TEA minha hipersensibilidade é altíssima. 3 vezes por semana mais os finais de semana sofro com uma igreja na mesma quadra. Das 4 da tarde até depois das 22h. Ligo na policia e para minha tristeza há policiais que frequentam essa igreja então nada é resolvido. Só me resta aceitar e sofrer :(

    • Responsabilidade@lemmy.eco.brOP
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      1 year ago

      Sinto muito por sua situação!

      O seu relato é só um exemplo de como esse desrespeito cultural que descrevi pode afetar negativamente a vida das pessoas

  • Morsil@lemmy.eco.br
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    1 year ago

    Muita gente vê educação (no sentido de não incomodar os outros, ceder passagem, etc.) como um sinal de fraqueza

    • Responsabilidade@lemmy.eco.brOP
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      1 year ago

      Quer dizer, então muitas pessoas são tão inseguras que precisam reafirmar obsessivamente para si mesmos que não são fracos porque são uns babacas?

      Sinceramente isso só me faz enxergar o quão inseguros e patéticos essas pessoas são.

  • Mudras@lemmy.eco.br
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    1 year ago

    Listou tos os itens que me incomoda, acho que não só a mim, mas a maioria das pessoas principalmente as motocicletas com escapamento adulterado e a questão das músicas no último volume, tive que reclamar com uma vizinha que não gostou, mas acabou com a questão das músicas altas a noite.